sábado, 28 de dezembro de 2013

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Por que insistes sempre em ver tudo tão claro?


I

“Por que insistes sempre em ver tudo claro”, disse-lhe ela, e ele pensou em perguntar-lhe por que isso a incomodava tanto.

II

“Por que insistes sempre em ver tudo claro”, disse-lhe ela, e ele esteve tentado em responder que era porque tinha medo do escuro.

III

“Por que insistes sempre em ver tudo claro”, disse-lhe ela, e ele respondeu-lhe que era apenas a sua forma de enfrentar o caos do mundo.


Fotografia de Rui António

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

ARTE POÉTICA

I

gere o teu silêncio
com parcimónia

faz frente ao som
da tua inquietude

diz-te no intervalo
do teu ser
profundo

muito antes das palavras
já o universo
se contradizia


II

vai além da aparência

há sempre luz e sombra
é tão fácil ver quanto 
é cegar

vai além de ti próprio

o caminho só aparece
se escolheres não saber
aonde vais

em frente ao medo
enfrenta o medo

o poema é sempre
uma clara evidência


III

tem cuidado com
as palavras

as palavras são
frágeis

as palavras são
perigosas

o poema é sempre

um campo minado

fotografia de Susana Paiva

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013


gere o teu silêncio
com parcimónia

faz frente ao som
da tua inquietude

diz-te no intervalo
do teu ser
profundo

muito antes das palavras
já o universo
se contradizia

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Adivinha

Sabem o que descobri
há pouco?
Até o mais grave algoritmo
tem ritmo,
até a mais esdrúxula lágrima

tem rima.

Cruzeiro Seixas

 Ouvir.